quinta-feira, 21 de março de 2013

Do Atacama ao Brasil

Após passar 2 dias em San Pedro de Atacama estava pronto para iniciar o retorno, como a aduana chilena fica em San Pedro mesmo e só abre a partir das 8 da manha aproveitei para dormir um pouco mais, porem não contava com a fila que se formaria na porta da aduana. Cheguei faltando dez minutos para as oito da manha e a fila ja era grande, por um lado foi bom pois conheci muitos motociclistas brasileiros que tambem aguardavam, por outro lado perdi um bom tempo até realizar os tramites, uma tentativa não pensada seria ter feito os tramites na tarde anterior a partida, na proxima tentarei este método. 
Uma hora e meia depois com os tramites realizados parti em direção a Argentina através do paso Jama, incrivel a estrada, no começo com o visual do vulcão Linkabur se vai até 4800 mts de altitude com um frio intenso, proximo de 0°C, depois se começa-se a descer em direção ao salar de Jama onde fica o paso Jama e tambem a aduana argentina. O abastecimento da moto pode ser um problema nesta travessia, pois a cidade de Susques próximo a metade do caminho costuma sofrer de falta de gasolina, por isso é bom aproveitar o bom posto YPF ja na aduana argentina, o problema é que por estas bandas os postos de gasolina costumam ter apenas um ou dois frentistas e na maioria das vezes não dão conta de atender tanta gente, resultando em longas esperas nas filas, mais uma vez tive oportunidade de conhecer motociclistas e desta vez conheci o André e o Antonio Carlos com sua esposa Débora  os dois viajando com motos Harley Davidson Fat Boy, após uma boa conversa na fila partiram para estrada e eu parti logo em seguida.
Cheguei a cidade de Susques ja próximo do meio dia, a fome ja apertava, parei para comer umas empanadas e novamente encontrei os colegas motociclistas e desta vez decidimos seguir juntos. 
A estrada continuava muito boa, as Harley aceleravam forte, aproveitei para aumentar meu ritmo, atravessamos o salar Grande e depois descemos a costa del Lipan até a cidade de Purmamarca, interessante povoado argentino conhecido pelo seu artesanato. Saimos do deserto e uma chuva ja nos aguardava no horizonte, paramos ja todos encharcados em San Salavador de Jujuy para abastecimento, partimos e após alguns kms lembrei da ultima vez que havia passado por aqui e que não era vantajoso ir até Salta, resolvi que iria ficar em SS de Jujuy, parei os colegas para informar minha decisão, explicando que andaríamos uma quilometragem desnecessária e ja era tarde, pois de Jujuy a Resistencia que seria a etapa do dia seguinte são 847 km e de Salta a Resistencia são 817 km, apenas 30 kms a mais, considerando que de Jujuy a Salta tem 120 kms não valeira o esforço. Os colegas gostaram da matematica e retornamos todos para Jujuy, onde me hospedei no Hotel Avenida, melhor o preço do que a qualidade.
Visual do vulcão Linkabur.
No topo do Paso Jama a 4800 mts de altitude.
Limite internacional Chile/Argentina

Fila para abastecimento no paso Jama.
 
André, Kilão e Falcão.

 Uma chuva fina mais insistente ja nos molhava pela manha quando partimos de SS Jujuy com o objetivo de atravessar o chaco argentino até a cidade de Resistência, o chaco é uma especie de planície por onde se percorre uma reta de quase 700 kms com paisagens nada interessantes por todo o dia, plantações de soja e outras culturas dominam o cenário, a melhor coisa a se fazer é atravessar este trecho o mais rápido possível, sempre tomando cuidado com os inúmeros animais que estão a beira da pista, desde pássaros até cavalos passando por cachorros e carneiros todos prontos para entrar na frente da moto e acabar com uma viajem ou até mesmo com uma vida. Aceleramos forte e passamos ilesos exceto pelos pássaros  onde o placar ficou em dois a dois entre eu e o Antonio Carlos, realmente são muitos pássaros comendo os grãos que caem dos caminhões, quando as motos se aproximam eles levantam voo e infelizmente alguns acabam nos acertando.
Neste trecho tambem tivemos o unico "problema mecânico" da jornada, o Antonio Carlos perdeu um parafuso do seu capacete e a viseira estava se soltando, por sorte tinha um parafuso compativel na minha mala de sobressalentes, realizada a reposição do parafuso demos prosseguimento a viagem e chegamos junto com o por do sol a cidade de Resistência onde nos hospedamos no ótimo hotel Colon próximo a Plaza de Armas e pudemos saborear um bom bife de chorizo regado a algumas Quilmes geladas.

Parada estratégica em Monte Quemado.
Abastecimento ja sem chuva

Hotel Colon, muito bom.

A apenas 650 km da fronteira com o Brasil, acordamos tranquilos e com um céu azul nos acompanhando seguimos em ritmo acelerado rumo a nossa pátria querida, o dia estava rendendo bem e proximo das 4 da tarde ja estavamos a 70 kms da fronteira quando de repente o transito parou por completo e uma enorme fila estava formada, fomos orientados por policiais a seguir para o inicio da fila e la nos informaram que a pista iria ficar fechada até as 6 da tarde devido a um protesto que estava sendo realizado por populares que estavam indignados com a morte de um casal de adolescentes e o descaso das autoridades policiais. Novamente encontramos o grande grupo de motociclistas brasileiros e pudemos conversar sobre varios assuntos tornando a parada um pouco menos estressante. Após o desbloqueio da pista seguimos direto para a aduana brasileira chegando la ja com o sol indo embora.
Neste ponto me despedi dos amigos André e Antonio Carlos e sua esposa Débora, com os quais tive dias bem legais de estrada. Eles seguiram em direção a Cascavel no Paraná e eu com as estrelas ja brilhando no céu cruzei a ponte da amizade de volta ao Brasil pernoitando em Foz do Iguaçu, onde me hospedei em um hotel de quinta categoria e ainda tive que carregar toda a minha bagagem até o terceiro andar do hotel.
Mas é isso ai... Nem sempre o melhor está aqui dentro e tampouco o pior está la fora.

Bloqueio em plena Ruta 12

As três guerreiras.

Antonio Carlos, André, Kilão e Falcão. Gracias pela sua companhia!!!




Um comentário:

  1. Kilão, jamais imaginei ser possível consertar um capacete japonês na hora, no acostamento, em pleno Chaco argentino. E de graça rs. Tu tá querendo concorrer com a Casa das Viseiras?rs. Só mesmo um aventureiro experiente como vc para nos presentear com essa façanha. Valeu parceiro!

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